Médica Maria Ângela comenta tratamento para aliviar sintomas da menopausa

Médica Maria Ângela comenta tratamento para aliviar sintomas da menopausa

“Você está esquecida e não dorme direito? Sente-se irritada parecendo que não mais se reconhece? O cabelo cai, a pele está mais ressecada, tem perda de libido, secura vaginal, sente dores pelo corpo, principalmente nas juntas e articulações, tonturas, fogachos e suores, desânimo, cansaço, coração dispara durante a madrugada?” Cerca de 85% das mulheres apresentam sintomas da menopausa, 10% delas sentirão alguns dos sintomas pelo resto de suas vidas, embora nem sempre sejam reconhecidos e atribuídos à deficiência hormonal que se inicia até mesmo, antes de 4 a 6 anos da data da última menstruação (chamada de menopausa) acarretando uma verdadeira peregrinação dessas mulheres a consultas nas mais variadas especialidades.

De forma resumida, a extensa reportagem cita os inúmeros sintomas que, muitas vezes, são negligenciados pelos médicos que resistem em oferecer recursos da terapia de reposição hormonal já estabelecida pela ciência. Para Rebecca Thurston, professora de psiquiatria da Universidade de Pittsburgh que estuda o tema. “A falta de cuidado com as pacientes nessa fase da vida é um dos grandes pontos cegos da medicina”, reforça a matéria do NYT”. E questiona: será que a postura seria a mesma se os pacientes fossem homens?“ O fato é que, somada a “uma alta tolerância cultural para o sofrimento da mulher” – continua o New York Times – existe o errado entendimento de que essas queixas “vão passar sem maiores consequências”.

A matéria cita também o histórico de temor das consequências da Terapia Hormonal e que tem fundamento no polêmico e equivocado estudo de 2002, do “Womens Health Initiative” (WHI) que encontrou ligações entre a terapia hormonal e um aumento da taxa de câncer de mama, de trombose, de infarto e AVC, mas que foi contra-argumentado por inúmeros outros trabalhos posteriores. “O texto lembra as “diretrizes da Sociedade Norte-Americana de Menopausa (NAMS,2022) que enfatiza a recomendação do tratamento de reposição hormonal de forma individualizada, respeitando o período dos 10 primeiros anos da ocorrência da menopausa e suas contraindicações, o que gerará grande impacto na qualidade de vida da mulher”.

A médica ginecologista Maria Ângela Girardi, especialista pela Associação Médica Brasileira, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e membro da Sociedade Brasileira do Climatério, tece algumas considerações “Apesar de a menopausa ser um processo natural, ela é capaz de acarretar mudanças que favorecem doenças, contribuindo negativamente na saúde da mulher que hoje, vive um terço de sua vida no período da pós-menopausa e que, bem diferente de épocas passadas, precisa enfrentar o “malabarismo” do seu dia a dia”, ressalta.

– Nesse contexto, continua, o tema nem sempre é acolhido e bem conduzido pelos diversos profissionais. Aqui, uma oportunidade de cada um de nós, profissionais da saúde, perguntarmos se, por antigos conceitos, tabus ou desatualizações, não estaríamos impedindo nossas pacientes de terem uma melhor qualidade de vida? Um estudo recente revela que 20,3% dos médicos residentes em hospitais nos EUA não tiveram nenhuma aula sobre menopausa e apenas 6% se sentem seguros em prescrever Terapia Hormonal para suas pacientes.

Por outro lado, Maria Ângela também considera importante “a própria mulher ter um entendimento melhor de tudo o que acontece nessa fase da vida, o que a colocará numa posição privilegiada de poder questionar, opinar e decidir, junto a seu médico e de forma esclarecida as diferentes formas de tratamento, jamais se esquecendo das medidas imprescindíveis: alimentação balanceada e prática regular de exercícios físicos, em especial a musculação”, completa a médica ginecologista.

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Foto principal: Arquivo pessoal | Foto intermediária: Reprodução NYT