“Sigam as nossas orientações”, afirmam médicos em carta à população

“Sigam as nossas orientações”, afirmam médicos em carta à população

Médicos e todos os demais profissionais de saúde de Cataguases divulgaram no meio da tarde deste sábado, 04 de abril, uma carta aberta à população reforçando a necessidade das pessoas ficarem em casa neste período de pandemia provocada pelo novo coronavírus. O texto reforça os perigos da doença que só em Minas Gerais apresentou até agora taxa de letalidade de 4%. Por conta disso, o número de internações por insuficiência respiratório aumentou 212% em 2020 em relação ao mesmo período do ano passado.

A carta ainda relata que “estudos feitos pela Universidade de Harvard a pedido do próprio Ministério da Saúde alertam que o Brasil, ainda este mês abril, é bem possível que poderá experimentar falta de leitos, unidades intensivas e ventiladores. Endossamos as palavras da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo Monetário Internacional (FMI): Salvar vidas é pré-requisito para salvar postos de trabalho.” Os signatários do texto são objetivos ao afirmarem: “recomendamos muita atenção a toda a população de Cataguases e microrregião: Não subestimem a pandemia de coronavirus. Ela é real.”

Além de elencar alguns cuidados que a população deve tomar neste período de pandemia, os autores da Carta asseguram: “Estamos tensos pois estamos presenciando grande movimento de pessoas nas ruas de nossa cidade; isto não é bom, aliás, isso é péssimo para a situação atual que acabamos de relatar.” Por fim, recomendam a todas as pessoas que ao sairem de casa “em caso de necessidade usem máscaras”, pois é fundamental para evitar a disseminação do vírus.

Leia a carta na íntegra abaixo.

Cataguases, 04 de abril de 2020

À população de Cataguases,

Frente à pandemia do coronavírus que surgiu em dezembro na China e que se alastra mundo todo, vivenciando verdadeiros quadros de guerra, com mais de um milhão de infectados e matando mais de 53 mil pessoas. Itália com mais de 14 mil mortos, Espanha mais de 10 mil mortos; EUA mais de 1169 mortes em um só dia nas últimas 24 horas. Equador com mortos sendo deixados nas ruas. Alguns desses países com o sistema funerário colapsado.

No Brasil, com as condições peculiares de baixas condições de saneamento básico na grande maioria dos domicílios brasileiros, ao significativo índice de pobreza e pobreza absoluta de nossa população, frente aos números que aumentam a cada dia, torna-se motivo de muita preocupação com os seguintes dados atualizados:

– 9056 casos confirmados (um aumento de 1146 casos nas últimas 24 horas) e 359 óbitos (60 óbitos na últimas 24 horas);
– na região sudeste 594 casos e 9 óbitos, 6 deles em Minas Gerais com taxa de letalidade por Covid-19 chegando a 4%, um incremento de 212% em 2020 em relação ao mesmo período de internação do ano passado, por insuficiência respiratória.

Em nossa cidade de Cataguases, o Boletim Coronavirus de ontem, 03 de abril, elevou para 71 os casos suspeitos; somente 21 deles estão em investigação, 4 descartados e nenhum confirmado, embora 2 óbitos estejam em investigação. Mas gostaríamos, nesta oportunidade, de tornar público a existência de 3 casos graves na UTI do Hospital de Cataguases com alta suspeição por Covid-19 e, como sabemos, os resultados dos exames têm demorado, pois a Funed não tem tido condições de liberar resultados de forma mais rápida, devido à alta demanda.

Estudos feitos pela Universidade de Harvard a pedido do próprio Ministério da Saúde alertam que o Brasil, ainda este mês abril, é bem possível que poderá experimentar falta de leitos, unidades intensivas e ventiladores. Endossamos as palavras da Oorganização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo Monetário Internacional (FMI): Salvar vidas é pré-requisito para salvar postos de trabalho.

Por isso, nós médicos, enfermeiros, farmacêuticos e técnicos do Hospital de Cataguases, em sua grande maioria e que estamos “frente a frente” com o Covid-19 e suas consequências, recomendamos muita atenção a toda a população de Cataguases e microrregião: Não subestimem a pandemia de coronavirus. Ela é real. Estamos tensos pois estamos presenciando grande movimento de pessoas nas ruas de nossa cidade; isto não é bom, aliás, isso é péssimo para a situação atual que acabamos de relatar.

Por isso, é importante:

1) pratiquem o distanciamento social mais rígido, o que comprovadamente já salvou 60 mil vidas em 11 países europeus, conforme estudos no mundo inteiro;

2) pratiquem a higienização correta das mãos como amplamente divulgada;

3) que nossas autoridades mantenham o fechamento de fronteiras com controle sanitário e mantenham medidas mais enérgicas de contenção da população em seus respectivos domicílios;

4) que todos os profissionais de saúde tenham garantidos os EPIs, seus instrumentos de trabalho e condições de trabalho. Estamos lidando com profissionais que têm famílias e com alto grau de possibilidade de contaminação e de se esgotarem em número por adoecimento ou mesmo óbitos; a história tem nos mostrado isso.

5) A recomendação atualizada é que TODOS usem máscaras ao sair pois pesquisas recentes sugerem que o principal meio de transmissão são por gotículas de vias aéreas e a barreira física auxilia na propagação da disseminação do vírus. Coloque máscaras ao sair de casa e sair somente se for extremamente necessário.

Estamos vivenciando a saída da população de suas residências e é nesse momento que o uso das máscaras, por todas as pessoas e em toda a situação é fundamental para evitar a disseminação do vírus.

Estamos aqui, juntos a todos os nossos profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, técnicos, bem como os funcionários que também estão, de alguma forma expostos e todo o corpo médico da cidade de Cataguases para pedir que a população fique em casa.
Por nós do Hospital de Cataguases, por você, pelos seus e pelos nossos.

Sigam as nossas orientações.

Assinado:
Dr. Nivaldo Santos Gribel – Pneumologista e Intensivista do Hospital de Cataguases
Dr. Joseph Freire – Presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Cataguases e presidente do Conselho Municipal de Saúde
Dr. Leonardo Pinto Teixeira – Médico da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
Raquel Cunha Pinto – Enfermeira da Comissão Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Cataguases

A maioria maciça (senão, absoluta) que teve acesso a essa carta-documento: Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e de laboratório do Hospital de Cataguases e do Município de Cataguases.