Primata raro é encontrado por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa

Primata raro é encontrado por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa

Após 25 anos sem ser visto pela região, registros do sagui-da-serra-escuro voltaram a ocorrer em Viçosa. A partir do Projeto Aurita, coordenado pelo professor Fabiano Rodrigues de Melo, do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), estão sendo desenvolvidas ações, cujo objetivo é contribuir para a preservação deste primata ameaçado de extinção.

Endêmico da Mata Atlântica e com distribuição geográfica original na Zona da Mata mineira, incluindo o município de Viçosa, o sagui-da-serra-escuro, ou cientificamente conhecido como Callitrix aurita, é um primata raro e em perigo de extinção de acordo com a IUCN Red List. Isso está ocorrendo pelo aumento de espécies híbridas que competem entre si e, principalmente, pela perda de habitat, que, segundo Fabiano de Melo, acontece porque “o país perdeu Mata Atlântica”. Como o habitat desses animais diminuiu, eles foram desaparecendo: “o impacto foi severo e envolveu metade das espécies de macacos deste bioma, que inclui o sagui-da-serra-escuro”.

Em 2017, durante seu trabalho monográfico de conclusão do curso de Ciências Biológicas, o estudante Orlando Vital, orientado de Fabiano, reencontrou um pequeno grupo da espécie a cinco quilômetros de Viçosa. A partir disso, convidaram integrantes do Programa de Conservação dos Saguis-da-serra (PCSS), que conta com ONGs e instituições, inclusive apoiados financeiramente por iniciativas internacionais, para auxiliá-los nas pesquisas sobre o sagui.

Atualmente, o projeto conta com apoio de 28 integrantes – bolsistas e voluntários – de áreas como medicina veterinária, engenharias florestal e ambiental, ciências biológicas, zootecnia, biologia animal e ciência florestal, que conseguiram identificar grupos puros de C. aurita na microrregião de Viçosa. Isso motivou a criação do Centro de Conservação dos Saguis-da-Serra (CCSS-UFV) para trabalhar efetivamente com a reprodução do primata visando à reintrodução futura na natureza. Este espaço é um criadouro científico para fins de pesquisa, previsto em lei, licenciado pelo Instituto Estadual de Florestal (IEF) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Hoje, o Centro tem uma sede no campus Viçosa, localizada próximo ao Departamento de Zootecnia e à Vila Dr. Secundino, que está sendo preparada para receber o primeiro indivíduo do C. aurita. Com isso, o CCSS-UFV iniciará a formação de uma população em cativeiro, cujo objetivo será assegurar a preservação do C. aurita e reproduzi-lo, para viabilizar seu retorno ao habitat no futuro.

Fonte e foto: Universidade Federal de Viçosa