Uma reflexão sobre os 143 anos de Cataguases

Uma reflexão sobre os 143 anos de Cataguases

Neste 7 de setembro, Cataguases completa 143 anos de emancipação política, sem motivo para comemorar. O município vive, há cerca de doze anos, uma espécie de inferno astral. As três enchentes ocorridas no começo do ano, e esta pandemia que já dura seis meses, amplificaram estas feridas abertas. Cataguases é um município que segue sem rumo e sem planejamento há vários anos, inclusive na economia. Uma cidade que, para onde se olha ou vai, só encontra problemas insistentemente ignorados por seus governantes. Em uma comparação com os dias atuais, podemos dizer que Cataguases agoniza e respira com ajuda de aparelhos. Vejamos.

Sobre o cuidado com as ruas, praças e jardins, basta dar uma volta pelos bairros para comprovar o descaso e abandono em que se encontram. E a falta de prioridade nas ações da administração municipal ressaltam aos olhos quando se vê o dinheiro público sendo aplicado em uma obra na Avenida Humberto Mauro, região nobre da cidade, ao invés de ser investido na manutenção de praças nos bairros onde a carência é gritante. Além disso, e o que mais aborrece a todos, é a quantidade gigantesca de buracos nas ruas, bem como a péssima qualidade de seu calçamento, sempre desalinhado. São tantas “crateras” nas ruas que tornaram-se motivo de chacota. Vamos deixar de lado o mato nos cantos de ruas.

Com relação à Saúde, as reclamações se repetem há anos, e os pedidos de exames e de cirurgias crescem a cada dia. Nenhum responsável dá solução. O povo mais humilde – que necessita desse serviço – vai se virando por conta própria ou com ajuda de políticos. O que era para atender a todos acaba como privilégio de quem tem “padrinho”. Vale lembrar que até pouco tempo faltava médicos nos postos de saúde que também não possuem uma infraestrutura adequada, como demonstrou uma Comissão Especial de Inquérito da Câmara Municipal, capitaneada pela competente vereadora Maria Ângela Girardi.

Na Educação a situação é de marasmo e de acomodação, como se o setor fosse um exemplo para o Estado e o país. Não consegue sequer enfrentar o problema das salas de aulas vazias por falta de alunos, preferindo empurrar uma solução no mínimo controversa, que é a formação de turmas multisseriadas. Vê-se um corpo docente cansado pelo trabalho exaustivo de preparar e dar aulas sem receber o devido valor e reconhecimento, além de alunos também desmotivados. Quadro muito agravado agora neste momento de pandemia, em que professores tiveram que se virar por conta própria para produzirem aulas remotas. Sem jamais terem sido treinados para este propósito.

Cultura, Turismo e Esportes praticamente foram deixados de lado, visto que nestas áreas o que foi feito teve como objetivo “cumprir tabela.” Nenhum projeto relevante nestes setores foi levado à cabo por esta, nem pelas outras duas últimas administrações anteriores. São doze anos de paralisia na Cultura, que já foi o cartão de visitas de Cataguases. O cinema, motivo de orgulho e reconhecimento internacional, não mereceu atenção dos nossos gestores e continua fechado e interditado, aguardando a boa vontade de um prefeito que lhe dê o seu devido valor. No Turismo, em poucas palavras, Cataguases é uma nulidade. No Esporte a mesmice reinou.

Claro que seria muito mais prazeroso contar aqui as muitas qualidades desta terra querida por todos que aqui moramos! Mas olhar para nosso umbigo faz bem e nos motiva a cobrar dos responsáveis aquilo que é obrigação deles fazer. Esse choque de realidade também fortalece nossa responsabilidade de cidadão que desejamos uma cidade minimamente digna para se viver. Com praças adequadas ao lazer, ruas com manutenções regulares que não danifiquem nossos veículos, Educação de qualidade e Saúde para todos. Pedir isso hoje, pode parecer muito porque só temos migalhas, mas acredite, é o mínimo, o básico. Cataguases e seu povo merecem muito mais, inclusive os nossos sinceros parabéns, com o desejo de melhor sorte no futuro.

Por Marcelo Lopes