Documentário “TEAR” propõe reflexão sobre o painel “As Fiandeiras”

Documentário “TEAR” propõe reflexão sobre o painel “As Fiandeiras”

Nesta terça-feira, 19 de novembro, começa a sétima edição do Festival Ver e Fazer Filmes. Idealizado nas etapas Ver e Fazer, a última apresenta ao público curtas metragens produzidos em Cataguases ou no seu entorno com recursos do Edital Usina Criativa, onde cada proponente selecionado recebeu recursos no valor de R$ 30 mil. Este ano, entre os cinco filmes produzidos, apenas um é dirigido por homem. Neste cenário feminino ocasional do Festival, as atenções voltam-se para Mariela Oliveira, arquiteta e urbanista, que dirigiu o documentário TEAR e sua equipe de profissionais, basicamente de Cataguases. O curta dela será exibido dia 22 de novembro, às 19 horas no Centro Cultural Humberto Mauro.

O documentário, como a própria Mariela (na foto acima) explica, explora a fronteira entre dança, cinema e arquitetura ao propor possíveis interpretações e atribuições de significado ao painel “As Fiandeiras” construído na Vila Tereza, em Cataguases, em meados do século XX, em homenagem ao industrial José Inácio Peixoto. A obra foi projetada pelo arquiteto Francisco Bolonha, erguido com painel de azulejos desenhado por Cândido Portinari, executado por Américo Braga, além de abrigar a escultura “A Família”, de Bruno Giorgi. “São todos artistas que desempenharam importante papel na configuração de uma identidade ao processo de modernização pelo qual passou o Brasil em meados do século XX e que deixou marcas registradas também na cidade de Cataguases”, conta a diretora.

A partir deste pano de fundo, o documentário procura tecer reflexões acerca do painel “As Fiandeiras” e indaga: quem são as fiandeiras de Cataguases retratadas por Cândido Portinari? O que ele nos diz? A obra audiovisual busca, então, apropriar-se desse objeto arquitetônico através do corpo, da música e da performance ao mesmo tempo em que tece reflexões acerca da importância da mulher operária para o desenvolvimento econômico e social da cidade de Cataguases. “A escolha deste monumento se expressa por sua capacidade de síntese em relação ao processo de modernização e consequente tombamento da cidade”, afirma Mariela.

– Ao mesmo tempo em que a obra audiovisual aqui proposta documenta a intervenção contemporânea no monumento, procura revelar, através de entrevistas, o papel desempenhado por essas mulheres nas fábricas de tecelagem de Cataguases. A obra busca mostrar, e ao mesmo tempo despir o monumento de seus significados precedentes, revestindo-o com uma nova camada de sinônimos: o objeto moderno, estático, perene, ordenado e geometrizado, se desloca em direção à desmaterialização, diluição, mudança e fluidez da contemporaneidade”, completa a diretora.

O documentário TEAR teve direção e argumento de Mariela Oliveira que também assinou a edição final com Eduardo Yep, e co-direção de Pedro Marcos de Oliveira. A produção ficou por conta de Karina Freitas (Potira); direção de fotografia assinada por Eduardo Yep; direção de arte de Marco Andrade e assistente de câmera, David “Cuíca”. O som direto coube a Lucas Cruz e o assistente de direção foi Juliano Café. A trilha sonora ficou a cargo da dupla Flávia Goa e Felipe Continentino. A finalização foi da empresa Redsete e platô sob a responsabilidade de Leandro Guimarães, Leonardo Ferreira, Heitor Nóbrega. Designer gráfico leva a assinatura de Teo e fotografias Still para a reportagem por conta de Pedro Marcos de Oliveira e Juliano Café.

Participaram das performances os bailarinos Mariana Martins, Agnes Rocha, Carlos Tavares, David, Rayane Dônola, Natália Barros, Mariana Martins, Tatiane Dias. E pelo Grupo de Pesquisa Girarte, Deliana Domingues, Fabiano Banna, Marcus Diego, Natália Barros e Tatiane Dias (Bailarinos), Fernanda Pinheiro (Assistente) e Alba Vieira (Consultoria). O documentário também entrevistou Alcione Martins, Joana Capella, Margareth Franklin, Marcos Vinícius Ferreira de Oliveira, Odete Valverde, Gabriela Henriques, Aparecida de Fátima Silva Santos e Maria Aparecida Nascimento.

Fotos: Pedro Marcos de Oliveira