Em 01/08/2012 às 22h15 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Caminho da Luz atrai peregrinos em busca de turismo religioso

Peregrinos participam de missa na Gruta da Pedra S

Peregrinos participam de missa na Gruta da Pedra S

Download Desde 2001, mais de 30 mil pessoas, entre caminhantes, cavaleiros e ciclistas, já fizeram o Caminho da Luz, na Zona da Mata mineira, em busca de purificação e energização. Nesta terça-feira (31), o governador Antonio Anastasia anunciou a estruturação do Caminho Religioso da Estrada Real, que liga o Santuário da Nossa Senhora da Piedade, na RMBH, ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo.
O crescimento do turismo religioso no país e, especialmente, no Estado, conta com o apoio e a promoção da política de regionalização do turismo, do Governo de Minas Gerais. Com percurso total de cerca de 200 km, o Caminho da Luz pode ser feito com um mínimo de oito e um máximo de dez dias e inclui a subida ao Pico da Bandeira que, com seus quase 3.000 metros de altitude, é o ponto mais elevado da Região Sudeste.
A alta temporada é no mês de julho, quando cerca de 1.500 pessoas chegam à região para participar de dois eventos. O primeiro é o Bike Luz, que acontece no primeiro domingo de julho, e o segundo é a Caminhada Coletiva, que acontece no terceiro domingo de julho, próximo ao dia dedicado ao apóstolo Thiago, comemorado pelos católicos e luteranos em 25 de julho.
“A Caminhada Coletiva integra as comunidades e os caminhantes”, afirma o jornalista Albino Neves, idealizador do caminho. Este ano, o número de participantes ficou restrito a 50 pessoas, em função das limitações de hospedagem, mas em 2009, o encontrou chegou a reunir mais de 300 pessoas. Albino é fundador da organização não governamental Associação Brasileira dos Amigos do Caminho da Luz (Abraluz), que dá apoio aos peregrinos.
O ponto alto do caminho é a missa na Gruta da Pedra Santa, entre as cidades de Tombos e Catuné, quase chegando a esta última. Este ano, cerca de 3.000 pessoas participaram da celebração. A hospedagem é diferenciada em dois dos oito municípios que integram o caminho. Em Catuné e Galiléia, os turistas ficam em casas de família, o que provoca troca de informações e de cultura entre moradores e viajantes.
“É uma experiência ímpar; o viajante encontra aconchego e conhece o modus vivendi dos moradores”, informa Vitor Hugo, proprietário da empresa Rastro de Luz, operadora que atua na região desde 2006. Especializado em turismo religioso, Vitor Hugo distingue o turista do peregrino. “O peregrino vem em busca de conhecimento interior, ele quer uma vivência mais introspectiva, é o que diferencia o peregrino do turista”, explica Vitor Hugo.
O caminho
O pico já era destino dos índios Carajás, que habitavam a região e consideravam a Serra do Caparaó uma “Montanha Sagrada”. Ainda hoje, pajés de todo o Brasil realizam rituais no Pico da Bandeira. E foram os antigos povos que deram o nome à montanha de Caparaó, que significa “águas cristalinas que descem das pedreiras”.
O caminho tem sinalização a cada quilômetro e meio e, diariamente, são percorridos pouco mais de 20 km. O percurso tem início na Cachoeira de Tombos, marco zero, passando pela centenária Fazenda Oliveira, pela Gruta Santa e pelo9 município de Catuné.
Logo nos primeiros quilômetros em direção a Pedra Dourada, o peregrino pode conhecer o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Entre Pedra Dourada e a próxima cidade, Faria Lemos, fica a Pedra do Lagarto, onde, segundo a lenda, um índio entoava cânticos à natureza. De Faria Lemos até Carangola, o desafio é vencer a Serra dos Cristais. Entre Carangola e Caiana, a atração fica por conta das belas paisagens na antiga Estrada de Ferro Leopoldina. Para se alcançar a próxima cidade, Galiléia, o caminho passa pela antiga rota dos índios e, finalmente, chega-se ao município de Alto Caparaó, no entorno do Parque Nacional do Caparaó, que, entre outras atrações, abriga o Pico da Bandeira.
O Caminho da Luz, o segundo do segmento no Brasil – o primeiro é Passos de Anchieta, no Espírito Santo –, ganhou o Troféu Roteiros do Brasil (2011), promovido pelo Ministério do Turismo. É um reconhecimento do sucesso do Programa de Regionalização do Turismo do Governo de Minas.
O turista religioso
De acordo com a Pesquisa de Demanda Turística, realizada pela Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais (Setur), em 2011, os visitantes motivados pelo turismo religioso permanecem, em média, 2,6 dias no destino turístico. Pouco mais da metade se hospeda em hotéis e pousadas e tem um gasto médio diário de R$ 62,48.
Outras características definem melhor o perfil do turista religioso: 41% possuem renda familiar até R$ 2.000, a metade tem mais de 50 anos; 40% deles possuem Ensino Médio e quase 70% são originados do próprio estado de Minas.
Mas nem sempre foi assim. O proprietário da Rastro de Luz informa que, antes, a presença de mineiros na região era minoria. “Participei do Programa Minas Recebe, da Secretaria de Estado de Turismo, e a grande maioria costumava ser de paulistas. Hoje, os mineiros correspondem a mais da metade dos viajantes”, avalia Vitor Hugo, que apura sua estatística a partir de um cadastro de clientes.
O Programa Minas Recebe, implementado em 2009 em Minas Gerais, é uma iniciativa pioneira no Brasil, que tem o objetivo de fortalecer os receptivos locais, incentivar a formatação de novos produtos e roteiros e diversificar a oferta turística do Estado. Atualmente, 83 empresas de turismo receptivo participam do programa. Desde sua implantação, mais de 30 novos produtos turísticos foram criados nos Circuitos Turísticos das Grutas, Serras do Sul de Minas, Canastra, Águas, Lago de Furnas e Lagos.
Turismo religioso
O segmento de turismo religioso é o que mais cresce no mundo. Levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) mostra que existem cerca de 15 milhões de brasileiros interessados em destinos religiosos.
De acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 2010, 8,1 milhões de viagens domésticas no Brasil são motivadas pela fé, o que representa 3,6% de todas as viagens realizadas dentro do país. As festas religiosas estão entre as mais fortes expressões da cultura brasileira. O segmento é, juntamente ao Turismo Cívico, ao Turismo Étnico, ao Turismo Místico e Esóterico, um dos nichos do Turismo Cultural no Brasil.
Fonte e Foto: Agência Minas Dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em julho, explicam em parte o crescimento do segmento em Minas. Enquanto em todo o país o número de pessoas que se declarou católica caiu de 73,6%, em 2000, para 64,6%, em 2010 (queda de nove pontos percentuais), em Minas a diminuição foi menor, de 78,7% para 70,4% (-8,3 pontos percentuais). A população católica na área rural mineira (84,8%) ficou acima da média nacional (77,8%). Já a população urbana católica também é maior no estado (67,9%) do que no país (62,1%).
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE






Todos os direitos reservados a Marcelo Lopes - www.marcelolopes.jor.br
Proibida cópia de conteúdo e imagens sem prévia autorização!
  • Faça Parte!

desenvolvido por: