Cataguases perde Solange, a andarilha querida por todos

Cataguases perde Solange, a andarilha querida por todos

Há muitas maneiras das pessoas serem amadas, tornarem-se inesquecíveis, ou de fazer parte da nossa vida. Algumas delas têm a capacidade de marcar toda uma geração ou de uma cidade inteira. E os cataguasenses que moram ou moraram nesta cidade, conheceram a Solange, uma mulher que nasceu e viveu aqui, onde também residem seus familiares, e passava seus dias perambulando pelas ruas, sozinha, sempre na dela, mas também interagindo com as pessoas, toda vez que tinha essa possibilidade. Com isso, Solange tornou-se parte do cotidiano dos cataguasenses; todos a conheciam e sabiam que ela vivia sua liberdade em plenitude.

Neste sábado, 08 de maio, véspera do Dia das Mães, Solange partiu para um lugar onde a liberdade que ela buscou em vida, é plena. E por falar em liberdade, entrou para o rol dos fatos pitorescos da cidade, o episódio dela tomando banho na fonte luminosa da praça Santa Rita, nua, numa tarde quente de Cataguases. Ou quando entrou na Vara do Trabalho de Cataguases e interrompeu uma audiência, saindo de lá minutos depois. Há outros casos semelhantes. Aqui, é preciso destacar, que Solange era uma pessoa do bem, pacífica, e até neste momento não há notícia de que tenha sido agressiva espontaneamente com seu interlocutor. Ela pedia um cigarro, perguntava o que queria saber, e continuava seu caminho.

Solange Santiago Soares faleceu no começo desta manhã de sábado, aos 59 anos de idade. Há nove dias ela foi levada ao Hospital de Cataguases, por conta de sua doença, e seguia se recuperando até esta manhã quando teve um mau súbito.  Deixa uma filha e uma neta, três irmãos e a mãe. Ainda jovem, teve um problema de saúde que mais tarde foi diagnosticado como esquizofrenia, e mudou sua vida por completo. Antes disso, deu aulas de catecismo, mas não se casou. Solange, que jamais foi agressiva, também recebia o respeito e o acolhimento dos cataguasenses que a compreendiam e sabiam que ela fazia parte do nosso dia-a-dia, da vida urbana da cidade. Era raro ir ao Centro e não vê-la,  e quando isso acontecia alguns, mais preocupados, perguntavam se algo lhe teria acontecido.

Hoje, com sua partida, Cataguases perde um pouco sua identidade, sua peculiaridade e se sensibiliza por uma de suas filhas mais populares.  Além de marcar toda uma cidade e garantir lugar em sua história, Solange, deixa na lembrança de cada cataguasense o seu melhor: a eterna criança que existia dentro de si.