Em 19/03/2012 às 19h34 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Para doutor João Sérgio fechamento do Pronto Cordis foi "total irresponsabilidade e prepotência do doutor Jaime Netto"

O programa Conversa Franca, da Rádio Brilho FM, apresentado por Sousa Mendonça, que foi levado ao ar no último sábado, 17, a partir das 10 horas, contou com a participação do médico cardiologista João Sérgio Lougan Borges de Mattos, que deu um depoimento por telefone sobre o fechamento do Hospital Pronto Cordis e, em seguida, enorme repercussão. Diversos leitores enviaram e-mails e mensagens pedindo para que o Site do Marcelo Lopes também reproduzisse a entrevista. Nesta segunda-feira, 19, Sousa Mendonça, diretor daquela emissora, parceira deste site, também fez a mesma sugestão dos leitores e cedeu a gravação da entrevista com o doutor João Sérgio, que trabalhou no Pronto Cordis, tendo sido, inclusive, um de seus sócios, conforme ele mesmo revelou.
Também na tarde desta segunda-feira, 19, Sousa Mendonça fechou a participação dos médicos João Sérgio e Joseph Freire no programa Conversa Franca, da próxima quinta-feira, 22, à partir das 10 horas da manhã, e que vai contar com a participação do jornalista Marcelo Lopes. O programa será feito nos moldes do que foi levado ao ar recentemente com o doutor Jaime Netto, portanto, sem a participação do ouvinte por telefone. O programa será todo dedicado aos dois entrevistados que vão dar a versão deles sobre o fechamento do Pronto Cordis.
Veja a transcrição da fala de doutor João Sérgio.
Fechamento absurdo
 "Bom dia, Sousa Mendonça. Estou vindo aqui, com muito prazer ao seu programa, com relação a esta polêmica da Pronto Cordis. Eu queria dizer que trabalhei lá durante vinte e seis longos anos com o saudoso doutor Jaime pai e também com o doutor Jaiminho. E achei que o final da Pronto Cordis realmente foi um negócio meio absurdo, porque trabalhei lá e até agora não tive uma satisfação sequer do nosso amigo doutor Jaime Netto. Achei até muito estranho porque no seu programa passado, ele alegou que a Pronto Cordis não deu certo devido a má administração anterior (...) que foi exercida pelo pai dele e pelo avô. Então foi um negócio meio distonante ele dizer ao vivo sobre o pai e o avô. Além de, na minha opinião, não ter como voltar porque a dívida é muito maior do que se fala".
Pronto Cordis não volta
"Eu não entendi o por quê ele foi lá de madrugada, às duas horas da manhã, e tirou o consultório dele lá de dentro e o da esposa. Sinal de que ele realmente não tem pretensão nenhuma de voltar. Se não, não teria feito isso às duas horas, na calada da noite, como bom bandido. Eu queria deixar registrado a minha total indignação devido esta discussão, a meu ver, sem futuro, porque a Pronto Cordis não tem condição de voltar e não é por má administração. É por incompetência total administrativa. Eu queria deixar citado no ar um ditado muito antigo, que se diz que 'dinheiro de herança nunca chega na poupança'".
Incompetência
"Foi total má administração e a Pronto Cordis não necessitaria ter fechado desde que se tivesse um pouco mais de humildade e se assimilasse os erros, as dívidas, antes que a bomba estourasse, o que não foi feito. Haja visto que não foi dada satisfação nenhuma a nenhum funcionário da Pronto Cordis. Inclusive a mim que trabalhei lá durante vinte e seis longos anos. Eu queria deixar isso registrado: a minha total indignação e a minha total discordância de se dizer que o Jaime Netto falou que vai arrumar... Não vai por total incompetência. Não da administração anterior, administração atual".
Sócio até junho de 2010
"Eu fazia parte da sociedade até junho do ano de 2010 quando tive travada todas as minhas contas de banco, a minha escritura de casa, meus automóveis, estão todos penhorados por conta de uma dívida que não foi paga. Inclusive a situação persiste até hoje. A minha caderneta de poupança, aplicação de banco... e nada foi resolvido até hoje depois de um ano meio de complicação. (...) Atualmente os sócios da Pronto Cordis, atualmente: Jaime Afonso de Sousa Netto - ele comprou a minha parte, aliás comprou entre aspas, porque comprou no papel e eu não vi um tostão (...) Atualmente, se não me engano, não posso te garantir com toda a certeza, éramos sócios, eu, a mãe dele e ele. Eu tirei a minha parte e, se não me engano, a mãe dele também tirou. Acho que hoje ele é o único sócio. É o único dono. Ele é majoritário da Pronto Cordis".
Prepotência
"Na minha opinião sincera, eu sou conhecido como um sujeito meio grosseiro, meio sem educação, só que eu, como muita gente, inclusive presente ao seu programa que eu admiro muito, que não tem papa na língua... eu acho que foi total irresponsabilidade e prepotência do doutor Jaime Afonso de Sousa Netto, o filho. Total prepotência, que foi falta de capacidade dele de reunir o pessoal da Pronto Cordis e explicar como estava a real situação. Vamos cada um colaborar com o que pode ser colaborado, vamos trabalhar cada vez mais, vamos levantar isso cada vez mais. Mas isso não foi feito."
Hemodinâmica foi um sonho
"A instalação da Hemodinâmica é uma sociedade de mais de vinte médicos. A Hemodinâmica foi feita com a seguinte programação: durante seis meses nós pagaríamos a prestação do aparelho e nos outros seis meses vindouros seria zerada a conta. Nós não iríamos receber, mas também não iríamos pagar. E a partir daí começaria a dar lucro. Só que eu achei que aquilo foi um sonho porque a Pronto Cordis não cabe um aparelho daquele. Acabou que coube, tá. A Pronto Cordis comprou. Logo depois o Hospital me faz o favor de comprar um aparelho igual. O bolo rachado para dois não deu para ninguém. Não sobrou migalha para ninguém".
São Lucas
"O Hospital São Lucas é uma firma que, na realidade, nunca existiu. Era um nome de fantasia. Eles arrendaram o terceiro andar da Pronto Cordis e lá fizeram o Hospital São Lucas. Então o Hospital São Lucas, fisicamente nunca existiu. Dentro da Pronto Cordis funcionava a Uroclin, a Clínica Radiológica Santa Lúcia, a Gastroclínica, que é do doutor João Guimarães e da doutora Tereza Cristina, que foram todos sendo levados para o Hospital por discordância total com a administração da Pronto Cordis".
Dívidas
"Eu acho que ele (o prefeito) compraria uma briga do tamanho que ele nem imagina porque a dívida é muito maior do que se pensa. A Pronto Cordis deixou hoje, pelo menos, quarenta e dois empregados sem pagamento, sem décimo terceiro, com dívidas trabalhistas, devendo a fornecedores, inclusive, a padaria da esquina, ao Posto do Marcelo (Auto Posto Vila Tereza)... é só tentar apurar as dívidas direitinho. A dívida é muito maior do que se fala. Bem maior do que isso."
Desejo e mágoa
"Eu desejo toda a felicidade ao doutor Jaime Netto, mas que ele pense um pouco mais, porque ninguém é maior do que todos nós juntos. Ele não é maior do que ninguém. Se ele juntasse uma turma boa, uma turma honesta, trabalhadora, acho que aquilo ali levantaria, mas ele quis assumir tudo sozinho e a prepotência, realmente, tem um valor, tem um preço muito grande. Pela prepotência se paga um preço imenso. Tomara que ele aprenda isso (...) Eu quero que a Pronto Cordis reabra (...) fiz a minha vida lá dentro e foi com muita satisfação e com muita angústia fiquei sabendo que estava fechando e que tinha que tirar tudo rápido porque ia ser lacrada a Pronto Cordis. Ainda mais que fiquei sabendo que na madrugada anterior ele já teria tirado tudo dele sem avisar nada a ninguém. Isso realmente machucou e magoou muito".
Ofensa e dedicação
Este não é o fim que eu queria. Eu acho que o doutor Jaime Afonso de Sousa, o pai, o avô, não mereciam o final da Pronto Cordis da maneira que foi feita. É de se lamentar que a Pronto Cordis tenha perdido mais esta. Estou à disposição para o que quiser... posso provar o que eu disse, desculpa se eu fiquei um pouco exaltado, mas estou altamente angustiado com esta situação, que foi uma coisa que me ofendeu e machucou profundamente  porque eu dediquei vinte e seis anos da minha vida àquilo ali para, no final, eu não ter nem a menor satisfação. Só fiquei com dívidas a pagar e com tudo o que é meu preso. Foi só o que me sobrou".
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