Em 01/02/2015 às 19h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Apesar das dificuldades, Projeto Camisa 6, em Vista Alegre, mantém escolinha de futebol

Os alunos da escolinha de futebol do projeto Camisa 6, mantido pelo ex-jogador Willian Big

Os alunos da escolinha de futebol do projeto Camisa 6, mantido pelo ex-jogador Willian Big

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José Willian Novaes Serapião é quase um desconhecido, mas quando chega-se em Vista Alegre, distrito de Cataguases, e pergunta por "Willian Big" todos o conhecem, especialmente pelo belo trabalho que desenvolve junto a garotos com idade entre 5 e 11 anos. Big criou, há quatro anos, o Projeto Camisa 6, uma escolinha de futebol no distrito que se tornou referência para a garotada não só daquela comunidade como também na vizinhança e desde então vem lutando com garra, determinação e quase sem a ajuda de ninguém para mantê-lo vivo. 

Inicialmente, o projeto começou em parceria com o Americano, time de futebol local, mas não vingou, conta ele. Também contou com a participação do ex-jogador Edésio, que atuou pelo Desportivo Ferroviária, do Espírito Santo e faleceu logo depois de começar a desenvolver seu trabalho com o amigo Willian Big. Apesar destes insucessos, o também ex-jogador Willian Big continuava acreditando na viabilidade da Escolinha e decidiu seguir em frente por conta própria. Atualmente, com trinta alunos em média, Big não apenas ensina a garotada a arte do futebol, mas, como ressalta, "os valores essenciais para que possamos ter uma vida com dignidade".

imageA atração que sua escolinha exerce sobre o inconsciente coletivo de meninos que sonham um dia serem famosos jogadores de futebol e reconhecidos mundialmente, aliada ao seu jeito peculiar, "quase pai desses garotos", como ele mesmo se define, os faz querer frequentar as aulas todas as quartas-feiras e sábados. Lá, durante o tempo em que estão treinando, aprendem uma modalidade esportiva e adquirem princípios de vida de forma empírica, como respeito, disciplina e trabalho em equipe, conta Big (foto ao lado). "Aqui, o garoto vai entrar em contato com o mundo do esporte e mesmo que não se torne um jogador profissional, será um cidadão de bem", disse.

Preferencialmente, a Escolinha de Willian Big procura abrigar crianças carentes, mas isso não impede que outras, em situação sócio econômica melhor, não possam participar. "A gente quer acolher todo mundo que nos procura, mas nem sempre isso é possível, por isso esta regra", justifica. Como ele trabalha sozinho, como voluntário e tem o apoio apenas de seu ex-professor Sidney, outro que se dedica com abnegação ao projeto, e sem receber ajuda de nenhuma entidade esportiva ou instituição governamental, enfrenta sérias limitações para dar continuidade ao seu trabalho. Ele, porém, não reclama, mas diz que se recebesse algum incentivo poderia fazer ainda mais pelas crianças que o procuram. "Um apoio financeiro ao projeto seria o ideal porque nos permitiria ter uma infraestrutura melhor e mais adequada", conta.

Percebe-se que Big não está escondendo a realidade quando vê-se que ele utiliza a própria casa e de seus familiares como vestiário e depósito de material. Bolas e uniformes são adquiridos por Big e amigos, com recursos próprios e, quando há jogos com equipes de outras cidades, não há sequer um alojamento que possa abrigar os visitantes. "É tudo improvisado, mas a gente faz com carinho e amor", salienta. Esta dificuldade é reconhecida pela comunidade local que aprova o trabalho da escolinha, conforme ele revela. "Os pais gostam de ver seus filhos aqui e me elogiam por isso, pedem até para eu não desistir, pois sabem o problema que enfrentamos para manter isso aqui". 

No elenco de sua escolinha, o "capitão", como é chamado, é também o pai, o psicólgo, o amigo de cada um dos trinta garotos que comanda. O grupo é bastante diversificado e Big conta a experiência de conviver com menino surdo e mudo, mas que "quando a bola rola é um dos principais jogadores do grupo", assegura, acrescentando em seguida: "Isto acontece porque a linguagem do esporte é universal e nele não há espaço para a discriminação ou preconceito". Para terminar Willian Big diz que a pior hora do dia é quando apita o final do treino. "A molecada quer ficar jogando, eu gosto de ver todos eles aqui comigo treinando, e também ficaria com eles aqui o tempo que  quisessem, mas futebol é disciplina e é importante na vida respeitar as regras, este é um princípio super importante do esporte", conclui Big, um atleta que faz jus ao apelido. (Reportagem e fotos Kadu Fontana)

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Tags: escolinha, futebo, Vista Alegre, Willian Big, esporte





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