Em 14/11/2014 às 11h22 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Confecções de São João Nepomuceno temem desemprego em massa

As confecções do município vivem uma crise de desemprego em pleno natal

As confecções do município vivem uma crise de desemprego em pleno natal

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São João Nepomuceno vive um momento de crise e de incertezas. A cidade, que fica a 56 Km de Cataguases (passando por Itamarati de Minas) conhecida como polo da moda e cuja economia está centralizada basicamente nas dezenas de confecções que produzem roupas até para marcas famosas vive, talvez, sua pior fase dos últimos quinze anos. A situação é preocupante porque, às vésperas do Natal, quando a produção deveria estar em seu ponto mais alto, o que se vê são empresários reclamando queda nas vendas e reivindicando melhorias para o setor. O declínio no setor começou depois da Copa do Mundo, quando iniciaram as demissões, época em que normalmente aumentam as contratações. O repórter Kadu Fontana, produziu a reportagem especial - com exclusividade - para o Site do Marcelo Lopes.

imageA situação do polo de confecções em São João Nepomuceno, para o prefeito Célio Ferraz, o Balainho (foto ao lado), é melhor hoje do que no passado. Otimista, ele diz que "o pior já passou". Na sua visão, não é apenas o setor de confecções que passa por dificuldades, salientado que o município tem "uma mão de obra  super  qualificada" e que pela sua experiência administrativa e política acredita que "rapidamente esta situação será revertida". Balainho lembra que nas suas administrações anteriores ele trouxe para o município um escritório do SEBRAE e promoveu o Arranjo Produto Local (APL) acrescentando que se estas iniciativas não tiveram o sucesso esperado foi "por desunião do empresariado da cidade", para ele a principal causa da atual situação econômica por que passa o município. 

O prefeito, no entanto, manifesta outra preocupação, considerada por ele, mais grave. "Aqui nós temos uma dificuldade enorme de trazer novas indústrias de outras setores, especialmente, por causa da localização geográfica da cidade, distante das rodovias federais". O Secretário Municipal de Desenvolvimento, Renato Filgueiras, segue a linha otimista do prefeito. Ele diz que vem tentando formar novas parcerias para impulsionar o setor de confecção, dizendo, porém, não estar encontrando "receptividade por parte da Associação Comercial e do CENTERMODA (associação de lojistas daquela cidade). Renato vislumbra outra vertente para o desenvolvimento local: o de marcenaria. "Este setor pode desafogar quase noventa por cento dos trabalhadores que hoje atuam nas confecções", disse.

imageO presidente do Sindivest, José Roberto Schincariol (foto ao lado), que também é diretor da FIEMG, contesta o prefeito e garante ter sido a entidade que integra quem trouxe para São João Nepomuceno o SEBRAE e o APL. De acordo com ele, "o projeto está em pleno vapor e que a alegação de que São João está fora da rota geograficamente não serve de desculpa, pois o Aeroporto Regional está muito próximo". Schincariol pede uma mudança de mentalidade do poder público que, segundo ele, "segue a mesma linha há mais de vinte anos". Por fim, ele prevê aumento do desemprego caso a taxa de juros básica (SELIC) seja elevada pelo governo federal. "Se isso acontecer haverá aumento acentuado no desemprego em janeiro e fevereiro em nossa cidade e somente os que possuem reservas terão condições de superar a crise", finalizou.

imageOutro conceituado empresário, Luiz Henrique de Castro (foto), foi mais contundente em sua análise sobre a crise nas confecções de São João Nepomuceno. Ele critica a desunião dos empresários do setor e culpa também o governo federal a quem pede uma "mudança de mentalidade". Para Luiz Henrique, que é presidente do Centermoda e vice-presidente do Sindivest, se a situação continuar como está, "num espaço de poucos anos São João Nepomuceno não será mais referência como indústrias de confecções, porque hoje ela já se tornou uma cidade mais faccionista do que confeccionista", afirmou. Ele justifica sua opinião lembrando que neste mês de novembro sua empresa está quase "sem pedidos" como outras empresas do ramo. Luiz Henrique diz que a saída está em investir no "setor de turismo como opção para gerar mais empregos, caso contrário o boom de desemprego é iminente".

imagePor fim, o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados e Confecções, Sebastião Sérgio Rodrigues (foto), revela sua apreensão com o momento. Para ele é hora de "reflexão pois tivemos um aumento significativo nas rescisões contratuais", sugerindo aos trabalhadores moderação nos gastos. "Segurem as despesas desnecessárias neste final de ano porque acredito que somente depois de março poderá haver melhoria na realidade econômica de nosso município", aconselha Sebastião. A preocupação dele, neste momento, é com a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria que ocorre em janeiro. "Teremos dificuldades para se chegar a um denominador comum", prevê. (Fotos: Kadu Fontana)

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Autor: Kadu Fontana

Tags: confecção, trabalhadores, crise, sindicato, São João





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