Em 12/02/2014 às 19h34 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Ex-prefeito Willian Lobo quebra silêncio e dispara: "O que está havendo é um desgoverno"

O atual diretor da Gerência Regional de Saúde em Leopoldina revelou que não é candidato a deputado estadual

Willian com o ex-secretário de Estado da Saúde de Minas, Antônio Jorge

Willian com o ex-secretário de Estado da Saúde de Minas, Antônio Jorge

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O ex-prefeito Willian Lobo de Almeida vem sendo, já há algum tempo, o alvo preferido de seu sucessor que credita à ele boa parte da culpa pelos principais problemas enfrentados pela atual administração. Até agora, o hoje Diretor da Gerência Regional de Saúde de Leopoldina, que coordena quinze municípios, inclusive Cataguases, manteve-se calado a respeito das críticas que recebe quase diariamente. Foram raras, neste período, alguma manifestação em resposta aos ataques, e desde que deixou a Prefeitura, no dia 31 de dezembro de 2012, Willian não fez nenhum comentário a respeito da atual administração. O silêncio, agora, chegou ao fim e o ex-prefeito resolveu comentar algumas atitudes que o incomodam desde o início do atual governo municipal em Cataguases. E, segundo informou, a partir de agora, vai se pronunciar sempre que julgar necessário "para que a população julgue quem está falando a verdade e para que ela prevaleça". Em uma rápida entrevista concedida com exclusividade ao Site do Marcelo Lopes, Willian Lobo faz uma espécie de "reentrada" na vida política municipal. 

Tido por muitos como candidato a Deputado Estadual o ex-prefeito tratou logo deste assunto. "Não sou candidato a deputado. Sou uma pessoa leal aos grupos que sempre me apoiaram e acredito que todos eles têm nomes para disputar um cargo como este. Então, veja bem, as forças políticas que me apoiaram em 2012 hoje estão com outras metas e, portanto, não posso exigir delas o mesmo apoio. Acredito que se eu saísse candidato eu estaria traindo a confiança desses partidos. Por exemplo: como poderia pedir o apoio do Zé Neto, que é do PTB, e foi meu vice-prefeito? Tanto ele, quanto as demais lideranças, terão que priorizar o apoio aos candidatos que por ventura seus partidos lançarem", explicou Willian. 

Sua participação nesta eleição, no entanto, será muito ativa, garante. "Nós vamos apoiar um candidato a deputado estadual e outro para federal. Vamos definir o nome do estadual em breve, e estarei novamente com o Deputado Rodrigo de Castro, para Federal, que é um amigo, um irmão que tenho e vem fazendo muitas coisas para nossa cidade. Só para lembrar, foi Rodrigo quem conseguiu todo o asfalto para a Taquara Preta, liberou a verba para a obra no Campo do Esporte Clube Cataguases, no bairro Popular, que está em andamento, já liberou recursos para o Hospital Cataguases e tem outra verba para sair este ano, no valor de duzentos mil reais também para aquele mesmo hospital, entre outras ações que comprovam ser ele um deputado verdadeiramente comprometido com nossa cidade", lembra Willian, entusiasmado. 

Neste período entre o fim de seu mandato até agora, Willian conta que dedicou-se à família "que sofreu muito neste processo, porque uma eleição é muito desgastante. Então eu tirei este tempo para ficar em casa e me dedicar à minha esposa e filhas", comenta. Paralelamente, ele revela ter-se voltado a aprender um pouco sobre saúde pública. "Felizmente eu tive oportunidade de aprender sobre esportes, administração e outros assuntos em momentos anteriores e agora, posso dizer que tenho condições de conversar sobre saúde porque venho me dedicando a este aprendizado que está sendo muito importante para minha vida", completou, referindo-se ao seu cargo à frente da Gerência Regional de Saúde em Leopoldina. Willian fez, inclusive, um curso na área para poder melhorar seu desempenho profissional à frente daquela Regional.

Depois de quase catorze meses calado, período em que não opinou sobre as ações de seu sucessor, José Cesar Samor, o ex-prefeito inaugura uma nova fase em sua vida política rebatendo as críticas, principalmente a de que teria deixado uma "herança maldita" ao prefeito atual. "Primeiro, eu quero dizer que fui privilegiado por ter assumido a prefeitura com a cidade inundada pela maior enchente de sua história, então tive de trabalhar muito e resolver os problemas urgentes. Ou seja não tive tempo de culpar o meu antecessor (o que não quer dizer que faria isso) pelos problemas que estava recebendo. Lembro que apenas publiquei no jornal Cataguases a relação das dívidas que ele deixou e nada mais. Mas isso acontece em todas as gestões, porque isso é um problema hoje provocado pela forma como a União vem massacrando os municípios e os estados. Se não mudar este indexador, os municípios vão continuar com dívidas", prevê.

imageWillian, porém, faz uma ressalva: "Eu peguei a prefeitura quando ela não tinha nenhuma certidão negativa, nem no Caged, nem no Siafi. Eu repassei a prefeitura com todas as certidões negativas em dia. Também é preciso lembrar qual era a capacidade de endividamento da Prefeitura quando eu a assumi e fazer a mesma coisa quando eu a deixei para o meu sucessor. Tenho certeza que aumentei muito o valor do patrimônio do município com as obras de asfaltamento que fizemos em diversas ruas. Temos lugares em que as residências foram valorizadas muito mais do que a média do mercado. Além disso, nós construimos novos imóveis como a Casa de Passagem, a Casa de Maria, creche, reformamos todas as escolas, ou seja, tudo isso valorizou o patrimônio público municipal. Por exemplo, se eu tenho uma casa de cem mil reais, mas se depois que fizer uma reforma neste imóvel e ela passar a valer quinhentos mil reais e eu assumo uma dívida de cem mil reais, na verdade eu não tive dívida, e sim investimento", analisa.

Para Willian o maior erro da atual administração "já foi confessado pelo próprio prefeito. É o inchaço da máquina com as contratações que ele fez. E aí não tem que falar que tinha gente do Willian e que chegou gente dele porque funcionário não pode ser tratado assim. Quando eu assumi a prefeitura, tive que demitir por causa do momento dificil, fiquei com outros e valorizei o máximo que pude os funcionários. Eu demiti, como manda a lei, todos os cargos comissionados. Agora, não demiti contratado, sabe por quê? Imagina se eu mando embora os agentes que cuidam da prevenção da dengue ou que fazem a coleta de lixo, todos contratados, como a cidade ficaria? A população iria deixar de ter estes serviços que são muito importantes. Você se lembra que ele confessou ter colocado trezentos funcionários a mais do que em nossa gestão. Sabe o que isto significa? Trezentos funcionários vezes um salário de mil e seiscentos reais por causa das horas extras, mais os encargos sociais, teremos aí algo em torno de quinhentos mil reais por mês só de salários que ele pagou a mais, todo mês,  ao longo deste ano, o que vai dar quase seis milhões de reais gastos somente com estes funcionários em um ano apenas de seu governo", destacou veemente o ex-prefeito.

Sobre as demissões ocorridas de vários servidores, Willian não esconde sua indignação pelo que considerou ter sido "uma injustiça". "Seria muito melhor ter chamado estes servidores e oferecido a eles um plano de demissão voluntária, pagando seus encargos todos", ponderou. E vai além o ex-prefeito: "A campanha (eleitoral de 2012) toda foi de mentira e continua. Vamos continuar os quatro anos... Eu tô até preocupado com esta seca que está aí porque se não chover, vão falar que eu tô fazendo oração pra ter seca e pegar fogo nos pastos, porque tudo tem que ser eu o culpado. Por outro lado eu acho que se tivesse uma enchente em Cataguases, minha culpa seria reduzida porque ia dizer que não estava fazendo nada por causa da enchente. O que está havendo é desgoverno", conclui Willian. 

Outro exemplo neste sentido, lembrado pelo ex-prefeito, são os alugueis pagos hoje pela Prefeitura. "Peça a um vereador levantar o valor pago pela prefeitura em aluguel até o último dia de meu mandato e compare com o que temos hoje. Há uma casa alugada para o Bolsa Família na Avenida Humberto Mauro! Então estamos gastando muito com aluguel e também com o carnaval", dispara. "Veja: eu sou apaixonado por carnaval, eu quero comer caviar, ir pras praias do nordeste, viajar pra fora do país. Mas não adianta eu gastar um dinheiro desses e depois voltar pra casa e só ter arroz e feijão pra comer. Nós vamos gastar quase quatrocentos mil reais com o Carnaval sendo que estamos devendo fornecedor, atrasando o pagamento de salário do servidor (exceto este mês que tem o IPVA). Então não justifica isso. Falta planejamento e isso é uma característica obrigatória gestor público. E hoje tem que reunir pelo menos uma vez por semana com os secretários para cobrar ações. Mas o que vemos na Prefeitura é secretário que peita o prefeito e fala que não vai ser demitido e ele (prefeito) recua. Então, com tudo isso, eu fico muito triste, porque eu torço pra que Cataguases prospere e alcance o seu progresso", critica.

Por fim, Willian Lobo lembra a questão da mobilidade urbana que ele começou a tratar em seu governo. "Como fui combatido quando determinei a proibição de estacionamento em uma das mãos de direção na avenida do Beira Rio. E hoje se perguntar aos moradores de lá se querem que volte como era antes, ninguém vai deixar. A mesma coisa aconteceu na rua Gama Cerqueira e tivemos outro ganho importante para o trânsito. Agora é inadimissível que façamos uma mudança no trânsito de Cataguases, como a que estão querendo fazer, e obrigue uma pessoa que sai da Taquara Preta em direção à Granjaria tenha o seu percurso aumentado em quase dois quilômetros! E ainda estamos esperando ele cumprir a promessa de construir duas pontes em Cataguases e conseguir convencer o governo federal a retomar o projeto de terminar a construção da chamada estrada da EMPA. Já vieram alguns deputados do PT aqui com promessa de conseguir a obra, mas até agora nada. O mesmo aconteceu com o IFET. O dinheiro foi pra Muriaé, conforme a Rosimere (ex-secretária municipal de Educação) apurou", finaliza Willian, afiado.

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Tags: Willian Lobo, Administração Municipal, Cesinha Samor





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