Em 01/11/2012 às 16h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Produção industrial cai 1% em setembro, pior resultado em 8 meses

Em agosto, a produção havia crescido 1,7 por cento

Em agosto, a produção havia crescido 1,7 por cento

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Com fraco desempenho no segmento de máquinas e equipamentos, a produção industrial brasileira recuou 1 por cento em setembro ante o mês anterior, o pior resultado em 8 meses, e interrompeu uma sucessão de três meses de expansão da atividade.

Os números divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo analistas consultados pela Reuters, indicam que os empresários podem ainda estar com pouca confiança para investir, e aumentam as dúvidas sobre a recuperação da atividade neste final de ano.

"Isso é um pouco reflexo das políticas (do governo), que visam muito mais recuperação de curto prazo... Investimento tem que ter previsibilidade de médio e longo prazo", avaliou o economista sênior do BES Investimentos, Flávio Serrano, referindo-se aos incentivos pontuais dados pelo governo nos últimos meses.

Em agosto, a produção havia crescido 1,7 por cento sobre o mês anterior, movimento parcialmente revertido pelo resultado de setembro, que foi o pior desde janeiro, quando a contração foi de 1,8 por cento.

No terceiro trimestre, a atividade registrou alta de 1 por cento com ajuste sazonal, interrompendo quatro quedas trimestrais seguidas. Mesmo assim, o resultado não animou os agentes econômicos.

"Mesmo considerando a aceleração na produção industrial no terceiro trimestre, a evidência que dá suporte ao cenário de um ritmo mais forte segue permanentemente abaixo da média, dado o cenário global ainda desfavorável", afirmou, por meio de nota, o economista-chefe do Citi no Brasil, Marcelo Kfoury.

Na comparação com setembro de 2011, a produção recuou 3,8 por cento, o pior desempenho desde junho, quando a queda foi de 5,6 por cento.

Pesquisa Reuters mostrava que, pela mediana dos analistas consultados, a produção industrial recuaria 0,5 por cento em setembro ante agosto e, na comparação anual, 3,4 por cento.

Segundo o IBGE, além de as quedas terem sido dissimindisseminadasadas entre os segmentos da atividade industrial, em setembro houve também um forte impacto negativo do calendário, com 4 dias úteis a menos do que agosto.

"O calendário relativiza a queda na produção, mas é fato que há um perfil da indústria de quedas e taxas negativas", afirmou o economista do IBGE André Macedo.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Segundo o IBGE, em setembro, 16 das 27 atividades pesquisadas apresentaram contração na produção sobre o mês anterior, com destaque para o setor de máquinas e equipamentos, com queda de 4,8 por cento no período. Esse foi o segundo resultado negativo consecutivo da atividade, com queda acumulada de 8,5 por cento no período.

Os analistas destacaram ainda a queda de 0,6 por cento de bens de capital em setembro ante agosto, acelerando a intensidade após ter caído 0,4 por cento no mês anterior, indicando que a confiança do empresário ainda não foi restabelecida. Sobre um ano antes, o segmento registrou contração de 14,1 por cento.

"Queda (na produção) de máquinas reflete uma produção menor de máquinas, significa que não há demanda, que a indústria está meio congelada na parte de investimentos", afirmou o economista da Austin Rating Rafael Leão.

"Esse é uma dado preocupante e um alerta para a indústria", destacou Macedo, do IBGE. "A confiança dos empresários vem aumentando, mas não o suficiente para voltar a investir", acrescentou.

Também pesaram no resultado de setembro sobre agosto os setores de outros produtos químicos (-3,2 por cento), alimentos (-1,9 por cento), perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-10,0 por cento), fumo (-11,7 por cento) e veículos automotores (-0,7 por cento).

"Havia uma expectativa de que o IPI menor (para carros) acabaria em agosto e isso provocou uma antecipação de produção e compras, trazendo consequências para setembro", explicou Macedo, lembrando que, em agosto, o segmento teve alta de 3,2 por cento.

Na outra ponta, houve aumento da produção nos setores, entre outros, farmacêutico (6,0 por cento) e de outros equipamentos de transporte (4,4 por cento), que têm "desempenhos de maior importância para a média global".

RECUPERAÇÃO

O resultado de setembro pode colocar em dúvida as avaliações de que está havendo uma recuperação mais robusta no segundo semestre, como defende o governo. Leão, da Austin Rating, passou a estimar queda da produção industrial em 2012 de 2,6 por cento, ante 2,1 por cento anteriormente.

A indústria brasileira tem sido, desde o início do ano, uma das principais causas para a fraca atividade neste ano, impactada pela crise internacional, e com consequências para os investimentos. Para minimizar os impactos vindos de fora, o governo adotou várias medidas de estímulo, como isenções fiscais, para tentar impulsionar o setor.

O governo tem defendido que a economia já começou a se recuperar. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini afirmou recentemente que a economia estará crescendo, a uma taxa anualizada, de cerca de 4 por cento neste segundo semestre e em 2013.

Em outubro, segundo a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI) divulgada nesta quinta-feira, a produção industrial do país voltou a crescer depois de seis meses de contração, mas ainda com uma taxa modesta.

 

Fonte: Reuters

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