Em 01/11/2012 às 13h00 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Mais de 80% dos casos de desaparecimentos em Minas têm final feliz

Cientista política Katia Dantas e a delegada Crist

Cientista política Katia Dantas e a delegada Crist

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A Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, subordinada ao Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil, em Belo Horizonte (MG), tem colecionado números impressionantes nos últimos anos. De 2006 até 2012, de um total de 15.118 desaparecidos no Estado, 12.377 foram localizados, o que corresponde a um índice de resolução dos casos superior a 80%. Somente neste ano, 2.817 pessoas foram encontradas e identificadas.

“Há uma série de questões envolvidas na localização das pessoas e muitas estratégias para alcançar este índice que, apesar de ser satisfatório, pretendemos aumentar ainda mais”, vislumbra a titular da Divisão, Cristina Coeli. “Temos condições de fazer com que mais casos sejam solucionados, sobretudo se houver uma rede ainda mais forte com outros órgãos e a sociedade”, acredita a delegada.

Criada em 1999, a Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida ganhou visibilidade a partir de 2006, com a campanha “Volta”, do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas). A iniciativa ajudou na localização de pessoas desaparecidas com a divulgação de filmes e fotos nos principais veículos de comunicação e resultou na informatização dos dados das delegacias e no aumento da frota de veículos.

“Minas faz um trabalho exemplar. Além de ter uma delegacia para cuidar das pessoas desaparecidas, o que não é comum, há o envolvimento da mídia e do público”, comenta a diretora de Políticas Públicas para a América Latina & Caribe do Centro Internacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas (Icmec), Katia de Mello Dantas.

Rede solidária

A campanha “Volta” também consolidou a rede de solidariedade integrada por entidades empresariais, postos de gasolina, farmácias, supermercados, creches, empresas de ônibus, prefeituras, hospitais, postos de saúde e escolas estaduais, com objetivo de divulgar dados dos desaparecidos. Atualmente, esta rede conta com mais de 20 mil parceiros.

“A campanha trouxe a conscientização de que a polícia e a sociedade precisam trabalhar em parceria”, destaca Cristina, que cita o trabalho em conjunto com a Guarda Municipal de Belo Horizonte como um exemplo. “Os guardas municipais foram preparados para abordar crianças e adolescentes aparentemente sozinhas e nos comunicar”, esclarece a delegada.

Cristina também cita a conscientização das famílias sobre a agilidade na informação do desaparecimento como fator que tem contribuído com as investigações. Ela destaca que não é necessário esperar 48 horas para fazer o registro na delegacia, sobretudo em casos que envolvam crianças e adolescentes. “Temos um sistema integrado em Minas. Se a pessoa se envolver em qualquer ocorrência, por exemplo, a encontramos em tempo real”, acrescenta.

Copasa, a Cemig, a Prefeitura de Belo Horizonte, o Instituto Médico Legal (IML) e a Rede Minas também estão envolvidos. Com a parceria com o IML, a família não precisa se deslocar até o local quando precisar identificar um corpo. Isso pode ser feito pela delegacia, por meio do banco de dados compartilhado – o que reduz o sofrimento da família e é um dos recursos mais eficazes.

Para 2013, o objetivo é estender e fortalecer o trabalho da rede para o interior de Minas. “A meta é de que a rede também no interior do Estado esteja consolidada para a Copa das Confederações, em 2013. Quando estivermos alinhados a todos os municípios e delegacias mineiras, nossa ação será ainda mais efetiva”, ressalta Cristina, que está há mais de 13 anos à frente da divisão.

Reencontros possíveis

Um dos casos solucionados em  Minas teve um final feliz no último dia 24 de outubro, quando mãe e filho se reencontraram em Belo Horizonte após 34 anos de separação. O operador de áudio Valdinei Pinto Leite, de 38 anos, reencontrou a mãe Sonia das Dores Leite, de 56 anos, com a ajuda das ações policiais.

Com quatro anos, Valdinei viajou com o pai para Monte Azul, Norte de Minas, e, desde então, nunca mais viu a mãe. No reencontro, Sônia mostrou para o filho uma foto dele de quando Valdinei ainda era bebê. “No meu coração, a busca por minha mãe era uma cicatriz que nunca fechava”, contou Valdinei, emocionado.

Em julho deste ano, a Polícia Civil também promoveu o encontro dos irmãos Marlene Ribeiro Mendes, de 61 anos, Telma Ribeiro de Souza, de 51 anos, e Antônio Ribeiro de Souza, de 48 anos, separados há 45 anos. A ascensorista Marlene Ribeiro procurou a delegacia e registrou uma ocorrência do desaparecimento dos seus quatro irmãos em julho de 2011. Um deles, Waldevino, já havia morrido.

As investigações apontaram que Telma morava em Minas, Antônio, no Rio de Janeiro e Walter, um quarto irmão que não foi ao reencontro, mas acabou localizado, em São Paulo. Com o apoio das polícias do Rio de Janeiro e São Paulo, foi possível encontrar os irmãos de Marlene naqueles estados. “Foi um trabalho realizado em conjunto com pessoas que se sensibilizaram com a história de Marlene e contribuíram para esse reencontro”, completou a delegada.

Faça a sua parte

Os interessados em ajudar diretamente a localizar pessoas desaparecidas podem acessar o site www.desaparecidos.mg.gov.br, ir até “downloads” e baixar ou imprimir materiais de divulgação, tais como cartazes, anúncios impressos, spot para rádio e até filmes.

Informações sobre pessoas desaparecidas ou suspeitas devem ser relatadas à Polícia Civil pelo telefone 0800.2828.197. A ligação é gratuita e o informante não precisa se identificar.

 

Fonte: Agência Minas

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