Em 02/10/2012 às 09h00 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

População indígena do Estado tem acesso a serviços essenciais de saúde

Autoridades do Estado e regionais participaram da

Autoridades do Estado e regionais participaram da

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A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) inaugurou, no dia 28 de setembro, em Resplendor - no leste de Minas, uma nova Unidade Básica de Saúde (UBS) Indígena. Localizada dentro da Aldeia Krenak, a 30 km do município, a nova UBS beneficiará uma população de, aproximadamente, 270 índios, com uma equipe multidisciplinar da Estratégia Saúde da Família (ESF), que oferecerá serviços essenciais como clínica geral, ginecologia, cardiologia, pediatria, assistência odontológica, exames preventivos e procedimentos de imunização.

O Governo de Minas investiu R$ 180 mil na construção da UBS, por meio do Programa Saúde, e o município, em contrapartida, aplicou R$ 188 mil. Durante a inauguração, o Estado também fez a entrega simbólica de um automóvelpick-up e de uma moto, que serão utilizadas no transporte da equipe de saúde entre a cidade sede e a aldeia.

A coordenadora Estadual do Programa de Saúde Indígena da SES-MG, Simone Faria de Abreu, destacou, na solenidade, a missão do Estado junto à comunidade indígena. “Estamos orgulhosos com mais esta etapa cumprida e também com a grande parceria firmada com o município de Resplendor. O Governo de Minas sempre trabalhou com a gestão compartilhada com os municípios, procurando oferecer uma estrutura adequada para que as equipes de saúde possam desenvolver um trabalho eficiente e um melhor acolhimento da população indígena”, enfatizou.

O prefeito de Resplendor, Fernando Viceconte Duarte, agradeceu o apoio do governador Antônio Anastasia e salientou a importância da UBS: “Divido com todos, inclusive a equipe de saúde e o povo Krenak, esta conquista que ficará marcada na história de Resplendor. Estamos fazendo nada mais que a nossa obrigação constitucional com essa população, que será bem atendida com toda a infraestrutura necessária”, disse.

Já a superintendente Regional de Saúde de Governador Valadares, Sheila Furbino, comentou os benefícios que a UBS vai trazer para a comunidade indígena. “O Governo de Minas está presente nesta obra por meio de investimentos financeiros na construção, mas, também, entrega  para esta comunidade a integralidade dos serviços, através da promoção da saúde, prevenção de doenças e, certamente,  na reabilitação desses usuários que aqui serão atendidos”.

Para o secretário municipal de Saúde de Resplendor, Marcos Tavares Duarte, UBS chega, sobretudo, para desafogar as outras quatro equipes de ESF do município. “Antes, os indígenas tinham que se deslocar para Resplendor para serem atendidos. Agora, na própria aldeia eles serão acolhidos com conforto em um ambiente humanizado”, frisou.

Por sua vez, o chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena de Minas Gerais e Espírito Santo (DSEI-MG/ES) do Ministério da Saúde, com sede em Governador Valadares, Altino Barbosa Neto, colocou a instituição à disposição dos krenaks. “O DSEI desenvolverá todos os esforços para, junto ao Governo Federal, Estado e município, dar vida as paredes desta UBS, para que a aldeia Krenak consiga ter a devida melhora na saúde de seu povo”, analisou.

Também participaram da solenidade de inauguração os coordenadores de Gestão e de Redes Assistenciais, Narcélio Alves Costa e Taiz Reliquias, e a referência Técnica de Saúde Indígena, José Dias, da Gerência Regional de Saúde de Governador Valadares (GRS-GV), além de outras autoridades e representantes de instituições municipais e eclesiásticas.

Agradecimento

Um dos cinco líderes da aldeia, cacique Marcos da Silva Pereira, da comunidade Nakrerré, manifestou sua satisfação com o recebimento da nova UBS. ”Hoje é um dia de satisfação e de orgulho para o nosso povo. A unidade dentro da aldeia vem atender uma reivindicação da nossa comunidade. Agradeço ao Governo de Minas, na pessoa da coordenadora Simone Abreu, que sempre esteve ao lado das causas indígenas”, finalizou.

Raio-X indígena

A Aldeia Krenak ocupa, atualmente, uma área próxima de Resplendor de 3.983 hectares, que lhe foi doada em 1920, pelo então governador do Estado de Minas Gerais, Arthur da Silva Bernardes, através da lei nº 788 de 18 de setembro de 1920. As etnias representadas em Minas Gerais podem ser divididas em dois grupos: o primeiro refere-se aos índios oriundos do próprio Estado (Xakriabá, Maxakali, Krenak, Aranã, Aranã Caboclo, Mocuriñ, Kaxixó, Canoeiros Maxakali); e o segundo daqueles grupos que vieram de outros estados e aqui se instalaram (Pataxó, Xukuru-Kariri, Pankararu, Tuxá, Guarani, Terena, Tembé e Pataxó Hã hã hãe). Atualmente, a Coordenadoria Estadual de Saúde Indígena (CESI-MG) trabalha com um universo de 15 municípios que possuem aldeias e/ou reservas sob sua jurisdição.

Amparo aos nativos

A assistência aos povos indígenas em Minas Gerais é conduzida pela SES-MG, por meio CESI-MG. Segundo a coordenadora da CESI-MG, Simone Faria de Abreu, são desenvolvidos projetos que se transformam em programas de ação continuada, com cada um deles visando a uma temática de saúde em que a população indígena se encontra fragilizada.

Entre os programas e ações desenvolvidos está o "Registro e Resgate da Medicina Tradicional Indígena”. Neste programa, são realizadas ações de cultivo de horta com plantas medicinais utilizadas pelos índios, viveiro, minhocário e quarto de secagem, além do registro oficial desse conhecimento, em nome do detentor do saber, classificado por etnia. "O programa busca manter a tradição do uso das plantas medicinais próprias da sua cultura, o que propiciará a redução de gastos em medicamentos alopáticos e a sobreposição de uso com plantas medicinais", observa Simone.

“O programa ainda dispõe de recursos para construção de estrutura física para as atividades psicossociais, religiosas, culturais e recreativas na aldeia e, ainda, para a aquisição de material esportivo e recreativo”, afirma Simone. Além disso, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), denominados Agentes Indígenas de Saúde (AIS), são os próprios indígenas, moradores da aldeia. Isto significa que eles são responsáveis pelas visitas, marcação das consultas e por identificar as demandas de saúde da comunidade.

Saúde integral

Também merece destaque a "Saúde Mental Indígena - Supera", que tem como objetivo monitorar o risco do uso nocivo de álcool e drogas, além de planejar ações de promoção e prevenção de agravo e orientar o planejamento de intervenções nas comunidades. Para tanto, são realizadas oficinas educativas para a comunidade, junto às equipes de saúdein loco. "Outra ação é a capacitação de profissionais de saúde de nível superior e médio, bem como dos AIS, das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena e de membros técnicos DSEI-MG/ES para o planejamento e organização de serviços nas aldeias”, afirma Simone.

Considerando, também, que muitas dessas etnias possuem hábitos alimentares distintos, a CESI-MG criou "A Vigilância Alimentar Nutricional Indígena", para acompanhar a saúde nutricional das tribos. Dessa forma, observa-se que o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Política Estadual de Saúde Indígena desenvolvida pela CESI-MG, vem inserindo, desde o ano 2000, atividades onde há o controle social indígena amplamente participativo, com atuação das autoridades locais, como caciques e lideranças, e ainda dos demais membros da própria comunidade. Todo esse processo é formalizado por meio de um termo de compromisso, a partir do qual são assumidas as atribuições e responsabilidades do estado e gestão de cada município.

 

Fonte e foto: Agência Minas

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