Em 30/09/2012 às 15h53 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Especialistas apontam que Oxi é mais devastador que o crack

O ex-usuário de drogas Franklin dos Reis fez um al

O ex-usuário de drogas Franklin dos Reis fez um al

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O subsecretário de Estado de Políticas sobre Drogas, Cloves Benevides, foi categórico ao afirmar que o oxi é uma droga ainda mais destruidora que o crack. Sua fala foi chancelada por outros gestores públicos, especialistas e representantes de comunidades terapêuticas e Ongs, na audiência pública da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que aconteceu nesta quinta-feira (27/9/12), com o objetivo de debater o tema.

Segundo Benevides, a consolidação da substância na sociedade, além de revolucionar as estratégias de venda e consumo pelos traficantes de drogas, esvazia a discussão docrack como droga barata. Em sua fala, ele destacou que o oxi é de fácil produção e baixo custo, por ser um subproduto docrack. “Precisamos discutir as drogas de uma maneira ampla, que contemple a as famílias, a educação e as estratégias de proteção das fronteiras, que hoje são totalmente vulneráveis. O fato é que o oxi é ainda pior que o crack”, alertou.

O representante da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas Evangélicas, Wellington Antônio Vieira, reforçou as palavras do subsecretário, mas chamou a atenção para o fato de que o oxi não é uma nova droga, sendo apenas uma variação do crack e proveniente da pasta-base da cocaína. Ele explicou que o efeito nos usuários é devastador, no entanto pediu que não se desvie o foco do combate ao crack. “Afirmo que 99% dos internados nas comunidades terapêuticas são usuários de crack, portanto temos que continuar a desenvolver políticas públicas de amparo e apoio aos dependentes e seus familiares”, disse.

O assessor especial de Políticas Sobre Drogas da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), Cleiton Dutra, afirmou que o oxi é quase fulminante, uma vez que mata em pouco tempo de uso. Para ele, é preciso um olhar diferenciado sobre o tema, tendo em vista que o sofrimento social é grande.

Motivação para o uso mudou após o oxi

O superintendente do Centro de Referência Estadual em Álcool e outras Drogas da Seds, Amaury Costa Inácio da Silva, destacou que o desafio do tratamento é grande, uma vez que os paradigmas de atuação mudam com o surgimento de novas substâncias ou a variação das já existentes. Ele explicou que, a motivação, que antes passava pela fuga da realidade, agora está ligada à motivação e a busca pelo o efeito do entusiasmo. “Primeiro, é preciso tratar da desintoxicação química. Depois, temos que trabalhar o lado psicológico da motivação”, salientou.

Família – A superintendente de Prevenção e Tratamento de Reinserção Social da Seds, Rosângela Simão Paulino, alertou para o fato de que não se deve focar em uma droga especificamente. Ela defendeu a equidade no tratamento e apontou que o envolvimento da família é fundamental na recuperação dos dependentes químicos. “O aumento do consumo do oxi e do crack é grave, mas o objetivo do Estado é proporcionar melhorias nas comunidades terapêuticas para que os usuário de todas as drogas sejam atendidos. A diretora do SOS Drogas, que pertence à mesma secretaria, Érica Barenzani, fez coro às palavras da colega, e disse que a adesão da família é essencial no tratamento.

O ex-usuário de drogas Franklin dos Reis Coelho deu um depoimento pessoal sobre as consequências do uso de substâncias ilícitas e reforçou a afirmação de que o oxi tem um efeito ainda mais devastador que o crack. De acordo com ele, a droga é fruto dos experimentos feitos pelos traficantes com substâncias já existentes. “A química do oxi é pesada. Vicia e mata rápido. Ele é usado misturado com o fumo do cigarro, o que proporciona um prazer diferente e perigoso”, alertou. Franklin cobrou mais participação do poder público no combate às drogas, que, para ele, “é o grande flagelo da sociedade”.

Deputado defende investimentos em comunidades terapêuticas

O deputado João Leite (PSDB), afirmou que, tendo como base as ações feitas pela ALMG e as visitas da comissão a diversas cidades do interior do Estado, o fundamental, neste momento, é que o poder público se dedique ao tratamento dos usuários. Esse trabalho, ainda de acordo com o parlamentar, passa pelas melhorias nas comunidades terapêuticas. “A capilaridade destas instituições e sua especialização devem ser aproveitadas para que o trabalho seja oferecido com qualidade nos quatro cantos de Minas Gerais. Temos já o compromisso da Seds de que os investimentos e as melhorias vão ocorrer em curto prazo”, anunciou.

O autor do requerimento que motivou o debate, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), não pôde comparecer à audiência, e pronunciou-se por meio de mensagem enviada à comissão. Em sua fala, ele lembrou que a droga, que tem um efeito devastador e é de baixo custo, é um problema de segurança e de saúde pública, por isso deve ser seriamente combatido.

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