24/07/2015 às 14h54m


Covardia contra crianças

Fechar os olhos para a violência contra as crianças e seus cruéis desdobramentos é uma barbaridade ainda muito presente no mundo. É o que nos mostra o relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (o Unicef) "Ocultos à plena luz", divulgado no dia 4/9/2014 corrente. 

Segundo esse órgão internacional: "É a maior compilação de dados jamais realizada sobre violência contra a criança". O trabalho, com números coletados em 190 países, detalha as terríveis e duráveis consequências de agressões sofridas na fase infantojuvenil. As vítimas, posteriormente, se tornam adultos mais propensos a ficar sem emprego, a viver na pobreza e a manifestar comportamento agressivo. E aqui um ponto que deve ser levado em alta consideração. Os pesquisadores observam que o estudo diz respeito apenas aos indivíduos que puderam e quiseram responder aos questionamentos. Ou seja, as estimativas levantadas refletem pequena parte do problema.

Isso ocorre, porque as comunidades, as escolas, os lares não cumprem devidamente suas obrigações com os pequeninos. O dr. Anthony Lake, diretor-executivo do Unicef, é contundente: "São situações desconfortáveis — nenhum governo ou pai ou mãe quer vê-las". No entanto, como ele mesmo enfatiza, devemos encarar os fatos se quisermos mudar a mentalidade que acha normal e permissível essa violência diária, em todos os lugares. E completa: "Embora a maior prejudicada seja a criança, também dilacera o tecido da sociedade, minando a estabilidade e o progresso. Mas essa violência não é inevitável. Pode ser prevenida — desde que nos recusemos a deixar que ela permaneça nas sombras".

Alguns dos índices apontados pela pesquisa, em contextos mundiais, nos dizem que crianças e adolescentes com menos de 20 anos representam um quinto das vítimas de homicídio, o que resulta em perto de 95 mil mortes em 2012; cerca de 120 milhões de meninas com menos de 20 anos (aproximadamente uma em cada dez) foram forçadas a ter relações sexuais ou a praticar outros atos sexuais; e pouco mais de um em cada três estudantes entre 13 e 15 anos são vítimas frequentes de bullying na escola.

Que providências tomar
O Unicef indicou estratégias para que toda a sociedade, desde as famílias aos governos, possa trabalhar para reduzir tamanha tragédia. Elas incluem "prestar apoio aos pais e desenvolver na criança habilidades de vida; mudar atitudes; fortalecer sistemas e serviços judiciais, criminais e sociais; e gerar evidências e conscientização sobre violência e seus custos humanos e socioeconômicos, visando à mudança de atitudes e normas".

Dentre as numerosas frentes de trabalho da Legião da Boa Vontade, cuidar bem das crianças é uma de suas mais relevantes e reconhecidas ações. Tenho grande esperança na semeadura que fazemos há mais de 65 anos nos corações humanos e espirituais. A Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, que desenvolvemos na rede de ensino da LBV, com o apoio do povo, possuem elevados propósitos de salvaguardar a infância e a juventude em risco social. A evasão escolar nas unidades da LBV tem índice zero, informa a diretora do Conjunto Educacional Boa Vontade, em São Paulo/SP, a doutoranda em Educação Suelí Periotto.

Não há qualquer garantia de futuro melhor para as nações se não houver o respeito aos direitos fundamentais das crianças e dos jovens. E não se cresce, material e espiritualmente saudável, sem afeto, sem amor fraterno. 

Cumprir com acerto as responsabilidades que nos cabem é atender ao alertamento de Jesus, o Cristo Ecumênico. No Seu Evangelho, segundo Mateus, 19:14, Ele diz: "Deixai vir a mim os pequeninos, não os impeçais, porque deles é o Reino dos Céus".

Autor: Paiva Netto

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16/07/2015 às 16h59m - Atualizado 24/07/2015 às 14h38m


A nobre destinação de um cristal

Primeiro de junho de 1989 marca a colocação do cristal sagrado no pináculo do Templo da Boa Vontade, uma das sete maravilhas de Brasília/DF, poucos meses antes da inauguração, em 21 de outubro. A ideia de uma pedra no ápice do monumento constava desde os planos iniciais. Traria a luz do sol para o interior da Pirâmide de Sete Faces, elevando o ambiente e permitindo, como tantos afirmam, a cromoterapia. Os dias passavam velozes e nada de aparecer o mineral na proporção correspondente ao lugar a ele destinado.

Desígnio divino
Como resolver esse impasse? O desígnio divino tinha a solução para a difícil empreitada. Em 16 de março daquele ano, ao voltar de Brasília, onde estive acompanhando as obras do Templo da Paz, assisti a uma reportagem de um telejornal.
Foi assim: encontrava-me no meu gabinete de trabalho em São Paulo. Era alta noite. Ligo o aparelho na antiga TV Manchete. O noticiário já estava pela metade. O que aconteceu? Vi o minério rapidamente e o pessoal dizendo que era o maior cristal puro no mundo. No mesmo instante, telefonei para o estimado Haroldo Rocha, responsável, na época, pela LBV na capital da República, e disse-lhe: — "Haroldo, acabei de ver isso na TV Manchete. Vá buscar essa pedra, por favor. Se não a trouxer (aí dei uma boa gargalhada), não precisa nem voltar. Retorne, mas a traga, porque é o que procuramos". Na manhã seguinte, matérias a respeito do assunto pululavam na mídia.

Haroldo, então, se dirigiu a Cristalina/GO. Passou o dia inteiro lá. Havia muitos estrangeiros no local. Todos querendo o grande quartzo. Pacientemente, esperou sua vez. Chegando o fim da tarde, pôde falar ao garimpeiro Chico Jorge da necessidade de levar aquela pedra, que seria posta em um lugar especial. Descreveu-lhe o Templo da Boa Vontade em construção. Foi quando, ao se aproximar deles, a esposa do minerador interveio: "Chico, você vai passar essa pedra para o Templo, porque eu sou ouvinte da LBV e gosto muito dela". Em resumo foi assim. Haroldo retornou, trazendo a pedra que se encontra hoje gloriosamente cravada no pináculo do TBV. O que mais impressiona nessa história é que, naquela mesma semana, a mulher do garimpeiro, dona Maria de Lourdes, lembrou-se de um sonho no qual o marido achava uma pedra que teria uma nobre destinação. Nestes 20 anos, esse belo cristal irradia a luz do Amor de Deus, fortalecendo, ainda mais, a vocação mística da capital brasileira. 

Ao casal Chico Jorge e Maria de Lourdes, a gratidão dos milhões de peregrinos que, ao entrarem na nave da Pirâmide das Almas Benditas, dos Espíritos Luminosos, são beneficiados pela saudável energia espargida do cristal do Templo da Boa Vontade. 

Carta especial
Em correspondência a mim dirigida, o leitor G. P. S., hoje cumprindo pena num presídio, conta que, por intermédio de sua mãe, chegou-lhe às mãos uma das obras de minha autoria: "Quero dizer que há muito tempo tenho acompanhado o trabalho da LBV, o qual tem toda a simpatia de minha parte, e que particularmente acho que é o mais importante que temos no país, principalmente na área social. (...) No início deste mês, a minha mãe me mandou um sedex, pois me encontro encarcerado, e entre os materiais de que necessito mandou-me também o seu livro ‘Em Pauta — Coletânea de artigos publicados’. Esses artigos muito me impressionaram, uma leitura que tocou o meu coração. Que Deus o abençoe grandemente. Um forte abraço".

Sinto-me gratificado em saber que esses meus modestos escritos lhe estejam reconfortando a alma.


Autor: Paiva Netto

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09/07/2015 às 14h36m


Criança, um expoente da Natureza

Em 19 de agosto de 1982, ante as estatísticas da guerra no Oriente Médio, a Assembleia-Geral das Nações Unidas, numa sessão extraordinária de emergência, estabeleceu 4 de junho Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão.

O Brasil não vivencia propriamente guerras convencionais, mas a violência contra os pequeninos se faz presente no descaso, na exploração, incluída a abominável sexual, na omissão de famílias ou da sociedade. Em artigo publicado na revista Boa Vontade, edição no 229, o sociólogo e secretário de Estado de Desenvolvimento Social de São Paulo Floriano Pesaro chama-nos a atenção, por exemplo, para a triste realidade do trabalho infantil. Trago-lhes aqui um trecho:

"O aumento do número de crianças de rua está intimamente relacionado com a pobreza nos centros urbanos. (...) Filhos desse ‘bolsão metropolitano de pobreza’, as crianças que vemos pedindo esmola, fazendo malabares e vendendo balas nos faróis migram para as regiões centrais de São Paulo a fim de trabalhar. Longe de casa e dos bancos escolares, estão expostas à violência moral, física e sexual. Na maioria das vezes, o dinheiro arrecadado não fica com elas, tampouco com as suas famílias. Estimativas revelam que dois terços do que uma criança ganha em um farol (em média, 30 reais por dia) vão parar nas mãos de um aliciador. (...)

"Urge trabalharmos em rede, com sinergia e sincronismo, estabelecendo papéis e diretrizes claras e compromissos concretos para a erradicação definitiva do trabalho infantil, bem como evitar sobreposições de tarefas e desperdício de recursos". 

Atuar incansavelmente pelo bem-estar das famílias, em especial de crianças e adolescentes em risco social, é uma das principais atribuições da Legião da Boa Vontade, há mais de seis décadas. O esclarecimento das massas, pelo prisma da Espiritualidade Ecumênica, é outra relevante missão sua. É essencial reconhecermos que, acima de tudo, temos deveres espirituais. Assim, os direitos humanos serão respeitados em sua integridade.


Meio ambiente e ecologia
Em 5 de junho, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente e Ecologia. Apesar das resistências, de uns tempos para cá cresce no mundo a preocupação ecológica. 

Vale ressaltar, contudo, como já me expressei na Folha de S.Paulo, em 10 de dezembro de 1989, que o ser humano e seu Espírito Eterno não são criações à parte da Natureza, mas os maiores expoentes. A riqueza deste orbe é a sua Humanidade, visível e invisível, ecologicamente conciliada com a fauna, flora e todo o meio ambiente.

Autor: Paiva Netto

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04/07/2015 às 19h39m


O crack e a mulher

Conforme recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas viciadas em crack no Brasil ultrapassa a impressionante marca de um milhão de usuários. Especialistas em saúde comparam a epidemia da aids na África à do crack em nosso país. Outro dado alarmante é a média de idade dos que o experimentam pela primeira vez: 13 anos. Contudo, engana-se quem acha que somente as camadas da sociedade em situação de pobreza estão à mercê desse perigo mortal. A droga também se faz presente nas classes sociais mais abastadas de modo devastador.
O desastroso abalo físico e mental provocado pela pedra de crack é disparado na primeira ocasião em que se acende o cachimbo artesanal — poderia se dizer infernal —, pois não arruína apenas a vida do usuário, mas a de toda a família. A ilusória sensação de bem-estar e de euforia fica tragicamente evidenciada pela progressiva degradação do corpo e da Alma dos dependentes. 
Segundo a dra. Solange Nappo, pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), "no início da entrada do crack no Brasil, mais precisamente em São Paulo/SP, o perfil do usuário era do sexo masculino. A presença de mulheres era pontual, algo raro. No princípio da década de 2000, começamos a receber indicativos e informações dos próprios usuários de que as mulheres aderiram à cultura do uso do crack".
Em entrevista ao programa Sociedade Solidária, transmitido pela Boa Vontade TV (canal 20 da SKY), a dra. Solange comentou que o fato de a mulher transformar-se em consumidora do entorpecente mudou toda a dinâmica do vício. "O usuário masculino tornou-se, em geral, um transgressor. Ele rouba para comprar a pedra. Não é um profissional do crime. Diante disso, com sua inexperiência, é facilmente preso e acaba criando um problema para o tráfico, que perde um cliente em potencial, na maioria das vezes já devedor da droga que consome. Quando a mulher é inserida no submundo do crack, ela passa a ser linha de frente, pois o risco de ser presa é bem menor. Ao invés de roubar, ela vai vender o seu corpo", explicou.

Contaminação pelo HIV
Para agravar a situação, a mulher, ao se prostituir a fim de conseguir a droga, vira foco de doenças sexualmente transmissíveis, principalmente do vírus HIV. 
Sobre isso, esclareceu a dra. Solange: "Uma mulher que faz programa por conta da compulsão pela droga o faz sem proteção, a qualquer hora e em qualquer lugar. Não fica num local aguardando que alguém passe. Ela vai em busca desse parceiro na tentativa de que ele, rapidamente, lhe dê o dinheiro que lhe possibilitará comprar a pedra de crack. Sem falar das que ficam grávidas sem nenhuma estrutura para ser mãe. Essa situação de vulnerabilidade traz para a mulher complicações físicas, psíquicas e orgânicas de todos os tipos. Quando a mulher entra nessa cultura, traz com ela um problema social enorme. De um grupo de 80 mulheres que entrevistamos, pelo menos 40% delas eram portadoras do HIV".
Grato, dra. Solange, pelas elucidações. É uma triste realidade que não pode ser ignorada. Além das imprescindíveis políticas públicas de combate ao crack, urge fortalecer, com a Espiritualidade Ecumênica, os valores da Família. É nela que se encontra a solução de muitos problemas que hoje afligem a Humanidade.



José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor. 
[email protected] — www.boavontade.com


Autor: Paiva Netto

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Perfil

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta, nasceu em 2 de março de 1941, no Rio de Janeiro/RJ. É diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central.
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